Equinocultura, um braço forte do agronegócio


O agronegócio hoje sem dúvidas é o setor mais promissor no cenário nacional e, mesmo em meio às recentes crises econômicas, tem sido referência em superação, e vem colecionando resultados positivos. Nessa esteira, a equinocultura vem ocupando um crescente espaço no agronegócio brasileiro, muito embora a visão restrita da criação de cavalos como hobby ou como uma mão-de-obra necessária para outras atividades oculte o verdadeiro valor deste setor na economia nacional e as cifras que representam esta atividade.


Além desta relação íntima com outros setores do agronegócio, a crescente procura pelo cavalo – símbolo de força e robustez – como hobby, migrando de animal de produção para “pet”, como descrito em publicação da Sociedade Nacional de Agricultura onde apontou que 70% de quem participa deste mercado como cliente utilizam o cavalo como lazer e estão envolvidos no meio equestre há menos de 6 anos em média. Esta mudança gradual no contexto do setor também impacta na forma em que os profissionais atuam no ramo.


Hoje o Brasil ocupa a quarta colocação com maior rebanho equino do mundo, com 5 milhões de cabeças (dados da FAO) onde além do cavalo Crioulo, também se destacam outras raças nacionais como o Mangalarga Marchador, gerando aproximadamente 240 mil empregos diretos e indiretos, e também o Brasileiro de Hipismo, raça em formação com aproximadamente 10 mil animais registrados e com bastante valor agregado na sua criação. Raças estrangeiras também contribuem na evolução da equinocultura brasileira, como o PSI (Puro Sangue Inglês) que movimenta mais de 240 milhões na sua criação, além das atividades turfísticas, e o Quarto de Milha com mais de meio milhão de animais registrados, e juntamente com o Crioulo ocupam 64,8% do mercado de esporte e lazer equestre.


O cavalo Crioulo, raça brasileira com origem nos pampas, vem conquistando todo território nacional, com grande crescimento no centro-oeste nos últimos anos. Hoje a raça conta com aproximadamente 500 mil animais vivos no stud book (livro de registros genealógicos de determinada raça) e hoje ocupa grande destaque no mercado equestre, tanto em movimentação financeira como em geração de empregos. A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos em parceria com a ESALQ em 2012 identificou que, somente o cavalo Crioulo movimenta mais de 1,5 bilhões no país, sendo responsável com mais de 250 mil empregos diretos e indiretos, e cada exemplar da raça mobiliza mais de 4 mil reais anualmente.


A equinocultura brasileira movimentou 16,5 bilhões em 2018, com alta de 15% em relação ao ano anterior, respondendo por 3,2 milhões de empregos no país, número seis vezes maior que a indústria automobilística, também segundo ESALQ. Além da forte influência econômica e cultural da criação de equinos no Brasil, o cavalo também é forte agregador social, a exemplo da equoterapia, que chegou no país em 1971 e é regulamentada pela ANDE (Associação Nacional de Equoterapia) fundada em 1989 e que já capacitou mais de 10 mil profissionais, atendendo em mais de 280 centros espalhados no território brasileiro. Estes números tão significativos são negligenciados quando nos deparamos com proibições de provas equestres em determinadas cidades, quando colocam o criador e o usuário do cavalo como inimigos do bem-estar animal. Muito mais que lazer e mão-de-obra, o cavalo no Brasil hoje é sinônimo de economia e emprego.


Por: Lucas Corrêa Lau
Médico Veterinário, Mestre em Medicina de Equinos e criador
Analista de Expansão ABCCC – Cavalo Crioulo


Colaboração: Eduardo Boesing @kbbadvocaciarural